(Capítulo15)

A Caravela Portuguesa



A Caravela dos Descobrimentos

Nenhum barco como a Caravela Portuguesa teve maior importância e papel de destaque na epopeia dos Descobrimentos como aquele tipo de embarcação que foi o primeiro barco á vela concebido para bolinar em ângulos suficientemente fechadas,capaz de fazer ganhar barlavento,como nenhum outro até ali .Era uma embarcação relativamente fina se comparada com as bojudas embarcações da época, equipada com vela triangulares latinas. Admite-se que a caravela dos Descobrimentos seja uma evolução da Caravela Pescarezza (um extraordinário barco costeiro e oceânico ,que prestava excelentes serviços aos pescadores da costa atlântica) que teria derivado do cárabo árabe
[1] .(Quirino da Fonseca)
E teriam sido as gentes algarvias que depois da reconquista começariam a aprender com os árabes que por aqui ficaram - a quem terá sido concedida extensa liberdade de acção
[2]- as técnicas de construção de embarcações do alto.
O Cárabo árabe precursor da Caravela Portuguesa

Teria sido precisamente no Algarve que o «cárabo» perderia a cobertura impermeável de pelaria, substituindo-a por técnica mais consentânea com a sustentação da forma, aplicando produtos, tipo linho misturados com massame, entre tabuado..
Assim nasceria a caravela esguia, esbelta, capaz de ganhar vento,com excepcional capacidade de manobra já que o arranjo dos panos envergados em dois ou três mastros, equilibrados com o vento, permitiam grande obediência ao comando do leme central ,de porta avantajada.
A Caravela adaptada para os Descobrimentos ,obrigou a algumas alterações das obras mortas- muito baixas á frente elevando para ré com o castelo de comando; teria sido certamente equipada com alojamentos, havendo nelas, já cobertas para abrigo dos navegantes.

CARAVELAS

De seus tipos salienta-se a de dois mastros como a mais ágil e fácil de manobrar, necessitando de pouco pessoal para a sua navegação. O homem do leme nela, nela, estava protegido dos elementos agrestes da natureza, o que era muito importante para as grandes viagens.
Deve dizer-se que as caravelas pescarezzas tinham, a partir do segundo quartel do séc. XIV, atravessado o Atlântico para ir pescar bacalhau nos mares do norte. Eram especialmente construídas na Calle de S.João,em Aveiro, em estaleiros aí instalados.


Caravela em Carenagem

Embarcações de 80 a100 toneis, tinham a curiosa particularidade de a roda de proa ser muito recurvada, inserindo no seu extremo uma espécie de rabo de peixe fendido – o peixol . Este símbolo era assaz comum em embarcações de pesca mediterrânicas.

A primeira referência a este tipo de barco aparece no reinado de D.Afonso III, que segundo Alberto Iria ,os portugueses teriam encontrado aquando da reconquista do Algarve ,em Xacrabe (Sagres) e outros locais.
Então, admitem diversos autores, estes tipos de barcos,com maiores ou menores modificações,teriam sido as primeiras utilizadas nos ensaios marítimos ordenados pelo Infante D.Henrique. E muito mais tarde é-nos relatado que «uma caravela alfamista, teria feito a viagem à Índia» o que demonstra a enorme capacidade de marear deste tipo de embarcação. Claro que provavelmente mantendo a linha de casco,quer a introdução das cobertas quer a evolução das velas para panos latinas ,começaram a ocorrer perante conhecimentos que exigiriam novas necessidades.
De entre todas as evoluções merece particular atenção a vela latina.
A vela quadrada teria aparecido no mar da china tendo perdurado até data recente .O Almirante Gago Coutinho exprime a opinião da vela latina existir há milhares de anos, no Índico.
Mas cedo se percebeu que a vela triangular permitia baixar o centro de fgravidade da embarcação conferindo-lhe melhores prestações. Por outro lado era de fácil e rápido manejo. E podendo ser deslocada pela posição do invergue, permitia ajustar o centro vélico ,especialmente apropriado para as bolinas.Com estas possibilidades foi permitido afilar as formas,tornando as embarcações mais finas ,diminuindo a superfície molhada,concedendo-lhes maior rapidez e capacidade de manobra.


A fácil transformação da vela latina em pano redondo .

O calado diminuiu possibilitando navegação em águas baixas ou até o seu encalhe fácil,na praia.
Na construção destas embarcações o pinho foi a madeira que existindo em Portugal, se utilizou comummente. Importância fundamental foi a sua ramagem, cuja «tortura de tal maneira curva» permitia extrair as formas do cavername. O tabuado do casco era ligado aos elementos estruturais por peças de madeira mais dura : azinho ,carvalho ou castanho.
Entre o tabuado colocava-se calafeto, de esparta e linho, embebidos num óleo de peixe engrossado; também se usava este óleo de peixe –sill- para proteger a madeira aplicada no casco.
O leme de ampla porta, alinhado com a linha do fundo, era manobrado por auxilio de duas talhas que serviam para fixar o rumo.

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[1] Quirino da Fonseca explica o nome caravela como resultado dos povos algarvios ao verem passar com frequência os cárabos belos árabes, acabariam por a apelidar de carabela
[2] No Algarve segundo Oliveirta Marques continuavam a predominar os mouros e as mourarias e as mesquitas …

Comentários

  1. bom dia, antes de mais parabéns por este espaço tão interessante.
    Se me pudesse ajudar, agradecia, é que estou a realizar um trabalho sobre a tomada de Ceuta, e precisava de saber se as imagens das caravelas portuguesas aqui presentes foram as utilizadas nessa expedição.

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  2. Oi,eu estou procurando as caravelas de Colombo... Será que é alguma delas ?

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  3. A título de contribuição e complementar o assunto, segue artigo sobre cinto de castidade:
    http://www.fatoscuriososdahistoria.com/2015/09/rotina-caravelas-seculos-xv-xvi.html

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  4. A título de contribuição e complementar o assunto, segue artigo sobre cinto de castidade:
    http://www.fatoscuriososdahistoria.com/2015/09/rotina-caravelas-seculos-xv-xvi.html

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