(Fascículo 15)
Embarcações Chinesas

Os juncos – tipo chinês de embarcação – eram ao tempo embarcações de uma tonelagem que espanta, chegando a deslocar cerca de 3.000 ton. Admite-se ,hoje poderem ter até 120 metros de comprimento. Incorporavam já vários decks por onde se distribuíam aposentos em quantidade e qualidade, assombrosas, e envergavam um número notável de velas (oito e nove) nos seus mastros (quatro a oito) de diferente alturas.Estavam equipados com canhões de bronze ou ferro, morteiros e flechas flamejantes, reunindo um poder notável ,que aterrorizaria os adversários(até aparecerem os portugueses).
Se quiséssemos olhar em termos comparativos poderíamos chamar a atenção que as caravelas portuguesas de então, raramente excediam os vinte metros, e a tonelagem apenas chegava ás cem toneladas ,nas maiores.
O casco dos juncos chineses era duplo e fixado com grampos de ferro .As camadas de tabuado chegavam a atingir o número de seis. E é admissível que entre outras grandes inovações ,o leme central(muito largo) que subia até 36 pés de altura, articulado, deve ter aparecido na China no I (d.C),enquanto na Europa isso só viria a suceder no séc.XII.
As anteparas transversais (mas também longitudinais) chegavam a atingir o número impressionante de treze.


Selo comemorativo da «Armada do Tesouro»

As velas – de pendão – eram penduradas em vergas muito flexíveis, e a sua dimensão (área) crescia da ré para o centro da embarcação ,começando a diminuir do centro para a proa. Feitas de bambu entrelaçado ,tinham a particularidade de serem subidas ou arriadas como as persianas chinesas. Estas velas muito resistentes tinham a vantagem de evitar um aparelho fixo, menos pesado. Assim os juncos podiam facilmente navegar, especialmente nos largos e popas.


Gravura mostrando um Junco da Armada
Na primeira viagem do Grande Almirante Zheng (1405) participaram 65 «grandes» embarcações s (como as descritas, de cerca de 120 metros de comprimento e 50m de boca) e 255 «pequenas»,tendo nelas embarcado cerca de 27.800 tripulantes.
A dimensão impressionante da boca conferia-lhes uma estabilidade notável ;o fundo plano permitia a navegação em águas baixas nas aproximações à costa.
Possuíam imensas cabines, algumas ricamente decoradas e bem fornecidas, especialmente as destinadas para os Embaixadores estrangeiros com varandas debruçadas sobre o mar, sendo normal embarcarem para as grandes viagens milhares de concubinas especialmente treinadas nas artes amorosas, com a finalidade de aliviar «o peso» das viagens.

Construção (reconstituição) de um Junco
As viagens da Armada [1] (Neste Mapa é apenas considerada a hipótese mais provável da Grande Armada apenas ter chegado á costa oriental de África)



As viagens de Zheng teriam ocorrido:

1ª Viagem
1405-1407
Champa, Java, Palembang, Malacca, Aru, Sumatra, Lambri, Ceylon, Kollam, Cochin, Calicut
2ª Viag
1407-1409
Champa, Java, Siam, Cochin, Ceylon
3ª Viag.
1409-1411
Champa, Java, Malacca, Sumatra, Ceylon, Quilon, Cochin, Calicut, Siam, Lambri, Kaya, Coimbatore, Puttanpur
4ª Viag.
1413-1415
Champa, Java, Palembang, Malacca, Sumatra, Ceylon, Cochin, Calicut, Kayal, Pahang, Kelantan, Aru, Lambri, Hormuz, Maldives, Mogadishu, Brawa, Malindi, Aden, Muscat, Dhufar
5ª Viag.
1416-1419
Champa, Pahang, Java, Malacca, Sumatra, Lambri, Ceylon, Sharwayn, Cochin, Calicut, Hormuz, Maldives, Mogadishu, Brawa, Malindi, Aden
6ª Viag.
1421-1422
Hormuz, Africa Oriental epaíses da Peninsula Arábica7ª Viag.
1430-1433
Champa, Java, Palembang, Malacca, Sumatra, Ceylon, Calicut, Hormuz... (17 estados no total



Selo comemorativo dos 600 anos das viagens de Zheng

Entre muitos indícios não deixa de ser saliente que recentemente uma medalha com uma mensagem do Imperador Zhing tenha sido encontrada numa das ilhas ao largo da costa America, onde se defende a presença do povo chinês nas célebres viagens anteriores a Colombo.












Medalhas com mensagem do Imperador encontrada numa ilha da Costa Americana




A maqueta da reprodução á escala de um junco da Armada

Na metade do século XV, depois da morte do Imperador Zhu Di a luta entre os Confucianos –adeptos de que a China sendo tão grande e nela havendo de tudo ,não se justificaria ir em busca de novos mundos- e a Administração Eunuca –que pretendia manter as viagense aumentar o comércio externo – exacerbou-se. E tendo vencido a primeira daquelas correntes, a China voltaria a um centralismo ,interrompendo-se o contacto com o mundo exterior. A marinha imperial desorganizou-se, desfez-se, e no ano de 1503 estava reduzida praticamente a nada.
Felizmente para Vasco da Gama, que chegando com os seus frágeis barcos à Índia, terá ficado surpreso por não ter impressionado os indianos que lhe descreveram as naves chinesas que por ali tinham vindo anos antes, como enormes ,comparadas com as naus portuguesas.
A célebre pedra de Dighton que tem feito correr rios de tinta,que o Dr Manuel Luciano da Silva vem tentando ler no sentido de justificar uma mensagem de Corte –Real (que prof.Albuquerque violentamente rejeitou, acusando o aquele estudioso de delírio que o levava a ver o que lá não estava ) encontra novos adeptos pois surgem leituras sobre as inscrições (agora) classificadas(?) como chinesas.
SF
(cont)

Comentários

  1. Parabéns pelo excelente blogue que nos apresenta.
    De facto a ARTE do Shipping está em todo o lado.

    Saudações Marítimas
    José Modesto

    ResponderExcluir
  2. excentes informações Obrigada Maria Luiza

    ResponderExcluir
  3. excentes informações Obrigada Maria Luiza

    ResponderExcluir
  4. excentes informações Obrigada Maria Luiza

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog