(Fascículo 7)


Cap. 3-O Mapa de Piri Reis

Estas viagens (?) ao continente americano, que a acontecerem foram no mínimo intrigantes, aparecem documentadas no mapa hoje conhecido por mapa de Piri Reis, navegador e cosmógrafo turco. Tudo começou quando o historiador (e navegador) português, um tal António Galvão, em meados de quinhentos ter referido um mapa mundi que o Infante D.Pedro teria trazido das suas viagens a Veneza, em 1428. Ora a verdade é que, de facto, o infante D.Pedro, uma figura de extrema importância na história de Portugal, irmão de Henrique, foi um grande viajante na época medieval, tendo viajado durante 12 anos por toda a Europa (Inglaterra, França, Alemanha e Terra Santa), e daqui regressado a Itália, via Roma e Veneza. Nesta cidade, centro da cartografia europeia da época, D. Pedro teria adquirido um Mapa Mundi (e o livro de Marco POLO), mapa que continha descrito todas as «partes do universo»(?!) como refere Galvão. Que refere ainda, para que não haja duvida, que tal mapa estaria depositado no Mosteiro de Alcobaça, e que por ele “parecia que nos tempos antigos se tinha descoberto tanto ou muito mais do que está agora”[1].Este Galvão (Séc.XVI)tem intrigado muitos dos grandes historiadores peninsulares. Uns crêem nas suas afirmações, outros colocam sérias dúvidas. Ora os que duvidam parecem apenas fazê-lo por uma questão de conveniência para demonstrar as sua teses mais coerentes com a correnteza geral que exalta a supremacia peninsular(portuguesa e catalã) no acto das descobertas.
Facto é que Fra Mauro, cartógrafo de Veneza, teria entregue exactamente a D. Pedro (para quem se diz, trabalhava) um mapa (de que existe uma cópia hoje na posse da Biblioteca Veneziana) onde estava desenhado o cabo da Boa Esperança.E onde anotava que em 1420 um junco vindo da Índia (…) ultrapassou o Cap. Diabo, continuando até á Ilha de Cabo – Verde.

O Mapa de Fra Mauro(desenhado)

Inclusive, no referido mapa, junto do extremo sul-africano, no Cabo, aparecia a silhueta de uma embarcação, que se identificava perfeitamente com um junco chinês.

Intrigante foi o saber como teria o «conhecimento de tal cabo e a informação das costas africanos», chegado a F.Mauro (?!).




Comparação entreo Mapa de Fra Mauro(esq.) e o Kangnido(dir)

Muitos historiadores (quase todos) chegaram a afirmar quão importante teria sido o facto de D Pedro ter trazido para Portugal o livro de Marco Polo, e ter sido este,o livro que teria aberto luzes para se conhecer uma indicação aproximada da posição das Índias. Ora hoje, à luz do que se sabe, o importante do que D Pedro trouxe para a corte, terá sido o Mapa que Fra Mauro enviou ao Rei (via con Roriz), determinante para o arranque de preparação da descoberta (pelos portugueses) do caminho marítimo para a Índia por Ocidente (dobrando o Cabo).

Este mapa(a carta náutica de 1424) que teria sido encomendado e que desapareceu, admite-se ter sido executado baseando-se em conhecimentos portugueses sobre a existência (?!) de umas ilhas no Atlântico.
Ora, agora parece que os factos que compõem a História podem ter outra leitura.

Generaliza-se o consenso que quem forneceu a Fra Mauro as indicações para o desenho do mapa, terá sido um tal Nicolò Da Conti (1395-1469),veneziano que após os Polo voltou á China em viagem por mar ,tendo visitado e relatado[2] hábitos ,costumes, e a geografia da região. Tendo assinalado com extremo rigor os locais por onde teria passado a Armada do Tesouro de Zheng He. De facto Nicolò terá contactado com os escribas Ma Huan[3] (1433) e Fei Xin (1436) que acompanharam o grande Almirante com o fim de registar os acontecimentos notáveis da viagem. Isso é indiscutível.

Ilustração de Barco da Armarda


[1] Galvão ,in Tratado dos Diversos e Desvayrados Caminhos ,Lisboa 1563
[2] Relatos absolutamente coincidentes com o que um dos maiores escribas chineses terá feito ,no mesmo período, e nos mesmos locais.
[3] Ma Huan escreveu «Asvista geral das praias do Oceano » em 1433

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